sábado, 9 de janeiro de 2010

Comento Architectura, de Soares Feitosa, em JORNAL DE POESIA



Imagem:Banner com desenho de Clevane Pessoa-exposição Graal Feminino Plural-Galeria da Árvore-MUNAP-Parque Municipal-Belo Horizonte-MG-março 2009.


ARCHITECTURA-DE SOARES FEITOSA



Um poema de amor in/condicional se desenha na resenha da alma apaixonada.

A condição necessária a que se erga a casamiga, acasarte acasalados os sonhos, os corpos, os tempos, é que pés sejam encantadas para que a massapão, argila massapé, seja de fato misturada ao erótico olor da baunilha.

Mãos podem ajudar, mas pés de andar, de se encaixar, colheres de pedreiro próprias à maciez da pedra sabão, pedrinhas sabonetes, saboneteiras da amada, são preferenciais.

Tijolos um-a-um levados no colo sob canções de ninar amadas...

Sobrará no alto da estatura, a força do olhar. Olhar trocado, somado, atraindo querências.

Soltura nas frestas, argamassadas, telhas já saídas do forno de esperanças quentíssimas, para telhado de refrescar/proteger amores abrigados abaixo.

Trepadeiras hão de pintalgar as tintas da sensualidade.Amoras desmanchadas hão de rosear as mãos e os pés e o corpo inteiro, barreiro de arteiro artista, artesão,artífice, ardente construtor de signos sutis que levam a fazer versos de rima gasta mas sempiterna, terna, eterna:amor.

Amoridade. Amorosa idade. A idade da ROSA. A idade do tronco. E a casa, lindura em architectura inventada apenas para o olhar da amada...



Belo Horizonte, em 30/03/2005,

Clevane Pessoa de araújo Lopes, para Soares Feitosa, em análisenluarada de sua poesia architectada na alma...

In http://www.revista.agulha.nom.br/clevanepessoa.html
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E o belo texto desse autor que tanto admiro:


Architectura

(L.)



Um dia, Ela
desenhará em chãos longínquos a casa só nossa,
que eu farei com estas mãos.





Os tijolos, eu os amassarei com os meus pés.





Às telhas —
hei de aprontar o barro mais macio,
e as formas serão por mim,
uma a uma, completadas;





Ela as alisará longamente —

seus dedos molhados de um profundo silêncio:

só os pássaros.





Fortaleza, manhã de 19.11.1998

(in http://www.revista.agulha.nom.br/feito19.html)

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